Quando Jesus saciou a minha sede.

Esta é uma história bem comum, parecida com outras de tantas pessoas, que antes de serem alcançadas por Deus, seguiam suas vidas achando que tudo era suficiente e ia muito bem.

Nunca fui inimiga de Cristo, mas Ele também não era meu amigo. Amizade requer um nível de intimidade que certamente eu não tinha com um Deus Todo Poderoso, pregado numa cruz, no alto dos céus, distante, bem distante, mas me olhando de lá, todo o tempo, com seu olhar condenador – esta seria uma boa descrição de quem Deus era para mim.

Nasci numa família católica romana. Estudei dos 3 aos 18 anos em colégios que professam aquela fé e, sem sombra de dúvidas, posso provar que era praticante, de verdade.

Sempre participei dos movimentos, de trabalhos comunitários, sempre fui muito envolvida em obras sociais. Por um lado, eu tinha a sensação constrangedora do dever, porque morar num país tão desigual quanto o meu, nos faz sentir obrigados a retornar à sociedade todo bem quanto nos vier às mãos. A gente olha ao redor e sente que pode reverter algum privilégio que tenha, ou pense ter, na tentativa de diminuir o contraste, para fazer justiça, mesmo que seja do nosso jeito.

Por outro lado, reconheço que, também por causa da minha religiosidade, eu era motivada pela necessidade de agradar aquele que Deus “carrancudo” pregado na cruz,  bem na entrada de casa, mostrando para Ele quão boa, comportada, exemplar, eu era. Poxa, como eu era uma pessoa legal!

Tudo parecia ser suficiente e para mim, parecia que tudo andava muito bem.

Mas foi naquela época, por volta dos vinte e tantos anos que Jesus resolveu me chamar para conversar. Assim como C. S. Lewis descreveu seu encontro com o Senhor, o meu também não teve luzes assombrosas, nem estrondos ensurdecedores… Foi algo suave, mas tenaz.

Como Cristo se sentou à beira do poço para ouvir a samaritana (João 4), Jesus também se sentou à beira de um dos poços onde eu costumava buscar água. E foi no poço do engajamento social, que um belo dia as coisas pareceram sair do lugar e comecei a ter alguns problemas.

Procurei o meu líder, que na época era um padre estrangeiro. Expliquei a ele que sentia que podíamos ir além no trabalho de assistência a famílias na igreja. Quem sabe não poderíamos partilhar da Palavra e não apenas nos contentarmos em montar oitenta a cem cestas básicas e distribuir… Eu disse a ele que estávamos matando a fome daquele povo, mas que a mais faminta era eu. Eu queria estudar! Eu queria conhecer mais para poder ensinar. E quando eu coloquei a minha proposta, a resposta dele para mim foi:

– Filha, você vai ser freira?

E eu respondi:

– Claro que não! Não levo o menor jeito!

E ele continuou:

– Então para que estudar? Isso é coisa para o clero…

E me enchi de indignação! Eu, mulher, jovem, cheia de energia, achando que ia mudar o mundo, ouvindo alguém dizer que estudar não era para mim?

Então eu olhei os cabelos brancos do padre e… me calei!  Porém, inconformada, comecei a estudar! Comecei a ler a Bíblia!

E a Palavra diz em João 8.32 “E conhecerão a verdade e a verdade os libertará”.

Foi bem assim… Obviamente não foi num estalar de dedos… Como eu disse, eu bebia de muitos poços… E em todos eles, Jesus graciosamente veio se assentar para conversar. Ele me chamava de amiga, eu ainda não o via assim.

Eram mesmo muitos poços, pois era grande a minha sede… Além daquele do ativismo social, havia o da minha profissão, o dos meus relacionamentos, o do meu ego…

À beira deles, Jesus e eu tivemos muitas conversas. Muitas vezes éramos só nós dois. Noutras, tivemos a companhia de irmãos queridos que me ajudaram a não perder cada um daqueles encontros transformadores.

Confesso que fugi de alguns, tive medo de outros e de alguns poços o Senhor mesmo precisou me lembrar, porque eu já havia apagado da memória que deles bebera.

Jesus me falou de propósito, me falou de valor. Através das Escrituras me ensinou sobre quem fui criada para ser e do quanto a visão da minha identidade havia sido distorcida pela minha busca enganosa.

Para saber quem somos, precisamos saber quem Deus é. E o Senhor trabalhou bastante em mim: usou pessoas, situações… Tudo para instigar meus pensamentos. E se alguém comentava algo, eu buscava… Buscava e achava.

Jesus me falou de propósito, me falou de valor. Através das Escrituras me ensinou sobre quem fui criada para ser e do quanto a visão da minha identidade havia sido distorcida pela minha busca enganosa.

Jeremias 29.13 diz assim “E buscarmeeis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. “

Se foi fácil? Foi não, afinal, tantos anos vividos enganada por doutrinas mentirosas, tradições erradas…

Mas também não foi assim tão complicado porque Jesus estava lá comigo!

Eu tive medo! E o maior deles foi o de ficar sozinha! Eu já não era a mulher mais popular, querida de todos, porque deixara alguns poços para trás… E muitas pessoas se afastaram de mim. Algumas para sempre.

Mas Jesus, que agora eu já ousava chamar de amigo, nunca me deixou sentir só! Nunca mais experimentei solidão. Não porque o Senhor estivesse preocupado tão somente em resolver aquele meu medo, mas porque a sede que eu antes sentia, Ele saciou.

E o Senhor tem provido e enchido tanto o meu cântaro que não é mais possível conter a água que Ele derrama sobre mim. Naturalmente, preciso sair como a samaritana, anunciando tudo o quanto Ele me fez, quem Ele é e o plano salvador que tem para o mundo.

Quando Jesus me chamou, tudo mudou.

 

Analuppe Cavalcanti é esposa, mãe, dentista, líder da EBD infantil da IBAJ em BH, onde também auxilia no ministério de mulheres e no clube de leitura. Pós graduada em

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