Improváveis. Disponíveis.

“Preciso estar pronta para ser aceita por Deus”, é pensamento
muito comum dentro e fora da igreja. Eu também já pensei assim.
Pensava que Deus só olharia para mim se eu estivesse perfeita.
Mas ao longo dos anos, eu descobri que não somos nós que
definimos os padrões de aceitabilidade do Senhor. Deus não pensa nem age como nós.

Deus é aquele que coloca ordem no caos. É aquele que em meio a
fome se faz pão; que em meio aos vícios, se torna a porta pela qual, quem entrar será salvo; que em meio à imoralidade, se mostra ressurreição e vida, alcançando o perdido e o chamando de filho.Deus é castelo forte, refúgio, socorro bem presente, é Pai e soberano.

Desde Adão, passando por Moisés, até chegar ao Apóstolo Paulo (e em mim e você), Deus insistiu em escolher os improváveis.
Vamos nos lembrar de Abrão? Abrão vivia em um mundo patriarcal, em que homens poderosos e fortes eram os mais viris, cheios de filhos.

Esses homens eram exaltados e reconhecidos por todos. Já
a impotência ou a infertilidade eram uma vergonha. Abrão não tinha filhos, nem um sequer. E para completar, Abrão era idoso.
Qual a chance de alguém imaginar que ele seria o pai das nações,
o homem escolhido por Deus para ser o progenitor de Israel?

Aos olhos humanos, nenhuma chance. Mas Deus escolheu Abrão, na idade de 75 anos de idade, sem filhos e casado com uma mulher infértil.

O Senhor via Abrão para além daquele momento, ele conhecia todo o futuro de Abrão. Então, Deus muda a história daquele
homem improvável, dando-lhe um novo nome, Abraão, e uma
promessa de tornar a sua descendência tão grande em número,
como as estrelas do céu ou a areia do mar. Abrão creu no
SENHOR, e isso lhe foi creditado como justiça (Gn15.6).

Mas não parou por aí. Nesse mesmo mundo patriarcal, o primeiro filho homem, o primogênito, tinha um significado muito forte. Era ele quem receberia uma porção dupla da herança, segundo a Torah (Dt 21.15-17). Ele era um filho desejado e muito esperado, que simbolizava força, virilidade e poder.

Então temos novamente Deus traçando a história da redenção por meio de improváveis. Ele escolhe Caim, no lugar de Abel; Isaque, no lugar de Ismael e Jacó no lugar de Esaú. Nenhum primogênito. Não foi aquele “óbvio” que todos esperavam, nem aconteceu da forma como era previsto.

O Senhor não usou apenas homens improváveis, mas mulheres
que, aos olhos da sociedade, eram descartáveis. Naquele tempo,
ser uma mulher estéril era uma maldição. Uma mulher não tinha
utilidade se não pudesse gerar filhos.

Deus é aquele
que “sonda o coração e examina a mente” (Jr 17.10). Deus vê além
das nossas incapacidades.

Sendo assim, o esperado era que Deus escolhesse as mulheres mais fecundas para fazerem parte da história da Bíblia, não é?! Mas, ele escolhe Sara, Rebeca e Raquel, três mulheres inférteis e completamente improváveis.

Perceba que Deus não segue o script que nós escrevemos ou
queremos, mas ele traça a história da humanidade baseado em
algo mais profundo do que o que os nossos olhos são capazes de
ver e do que a nossa mente é capaz de entender. Deus é aquele
que “sonda o coração e examina a mente” (Jr 17.10). Deus vê além
das nossas incapacidades.

JESUS ESCOLHE IMPROVÁVEIS

Da mesma forma seu Filho Jesus o fez. Na época de Jesus, quando
um jovem atingia seus 13 anos de idade, as famílias, junto aos
mestres da lei, avaliavam se aquele jovem tinha aptidão para as
Escrituras. Isso definiria se ele seguiria estudando para se tornar
um Rabino, ou se ele iria ajudar em casa com um trabalho comum.

Os Rabinos eram mestres tidos como aqueles que eram elevados em conhecimento e sabedoria no que diz respeito ao ensino das Escrituras.

Apenas para trazer à memória, se lembra quando, na festa da
Páscoa (Lc 2.39-49), Maria e José foram a Jerusalém como de
costume e, na volta para casa, se deram conta de que Jesus não os acompanhava junto à caravana? Eles então retornaram a Jerusalém e, “três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os”. Ele só tinha 12 anos e já demonstrava extrema aptidão para as Escrituras. Jesus seria, e foi, um Rabino.

Aqueles que seguiam os Rabinos eram os “talmidim”, que os
ouviam e os observavam na esperança de se tornarem como um
deles. Esses jovens talmidim tinham grande aptidão pelas
Escrituras. O que normalmente acontecia, era que um talmidim
escolhesse o seu mestre e o seguisse.

Mas Jesus faz diferente. Ao invés de ser escolhido, Jesus escolhe
os seus talmidim, ele escolhe os seus discípulos. E a escolha dos
discípulos não foi baseada na capacidade de aprendizado daqueles
homens, nem na vida perfeita e exemplar que eles levavam.

Jesus não escolheu homens letrados, com incrível aptidão às
Escrituras, que demonstravam um conhecimento e sabedoria.
Jesus designou trabalhadores comuns, pescadores, coletores de
impostos e homens extremamente simples para serem aqueles que anunciariam as boas novas ao mundo.

“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”

Deus elegeu a mim e a você, querida irmã. Não baseado em
nossos atos bons, em nossas roupas, modo de falar e nem no fato
de termos nascido ou não em “berço evangélico”.

Deus é aquele que “escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes (…), escolheu as coisas humildes do mundo e as desprezadas e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença dele”. (1 Co 1.26-29)

Acredito que é exatamente quando reconhecemos nossa imperfeição que estamos prontas para receber e permitir o trabalho transformador que o Senhor deseja realizar em nós e através de nós.

Em momentos de maior fragilidade e vulnerabilidade, é quando passamos a confiar plenamente Nele, não nos apoiando em nosso próprio entendimento (Provérbios 3.5). Nesse estado, nos tornamos terreno fértil para a semeadura divina. Quando a semente germina, não podemos permanecer da mesma forma.

Quando estamos em Cristo, nos tornamos uma nova criação, e as coisas antigas perdem o sentido, dando lugar a novas realidades que transformam nosso coração. A maravilha da regeneração glorifica a Deus de maneira extraordinária.

Ao olhar para aqueles que eram improváveis, testemunhamos não mais um vaso de desonra, mas um vaso de honra. A transformação de alguém em uma nova criatura, com um coração que ama a Deus acima de tudo, que se dedica ao próximo e é reciprocamente amado, servindo aos outros e rejeitando o erro, é verdadeiramente notável.

Àqueles que presenciam uma mudança tão marcante, só resta exclamar: “Somente Deus pode realizar algo assim!”

Que possamos depositar mais confiança naquele que não nos vê apenas como somos, mas consegue enxergar além do presente. Um Deus que nos sonda, nos conhece profundamente e que moldou nosso interior. Que a nossa confiança esteja n’Aquele que é capaz de realizar transformações admiráveis em nossas vidas.

Graças te dou, visto que de modo
assombrosamente maravilhoso
me formaste;
as tuas obras são admiráveis,
e a minha alma o sabe muito bem. (Sl 139.14)

Portanto, querida irmã, esteja pronta, não no sentido de estar
perfeita, mas no sentido de estar disponível para que o Senhor a
conduza nesta jornada. Que o Deus da esperança a envolva com toda a alegria e paz, através da sua confiança Nele, permitindo que você transborde de esperança pelo poder do Espírito Santo.  (Rm 15.13)

A Deus toda a glória. Amém!

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