Maior é o que serve

“E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês.” ( João 13:14–15)

Não é de hoje que a palavra servo pressupõe uma conotação pejorativa. Não é o sonho de ninguém ser servo. Ser servido, ser prestigiado é algo que quase todas as pessoas desejam intimamente.

Ser pajeado alimenta o ego, satisfaz os desejos da nossa carne, nos faz sentir mais especiais, mais amados, mais valorizados…

Já servir, faz o nosso ego morrer aos poucos pois implica renunciar às nossas vontades em favor do outro.

O serviço mortifica o nosso coração orgulhoso, o qual se acha superior e melhor que os outros em tantos sentidos, levando-nos a discriminar e distanciar, particularmente, os que não são de alguma forma convenientes.

A verdade é que tendemos a considerar nossas necessidades acima das dos outros e muito cedo incidimos nesta predisposição egoísta.

Observe uma criança: deixe de fazer o que ela deseja e ela vai chorar, fazer pirraça, espernear… As mães sofrem!

Talvez por isso, mães sejam o símbolo mais próximo de humildade e serviço sincero que temos na sociedade. Porque com a chegada de um filho, a mulher descobre que não vai mais fazer exatamente o que quer e/ou da maneira como planeja. A mãe descobre que não vai mais dormir ou alimentar-se na hora que lhe aprouver ou se deleitar na leitura de um livro do jeito que imaginou…

Uma mãe precisa renegar suas vontades para servir seu filho. Mas como ele é alvo do seu amor incondicional, nenhuma dificuldade parece grande demais se o objetivo é cuidar de quem ama.

Jesus, porém, nos ensina que não devemos servir apenas aqueles que amamos (Lucas 6:32-35), mas até mesmo aos nossos desafetos e inimigos.

O MAIOR É O QUE SERVE

No Reino de Deus, a pirâmide está de ponta-cabeça: maior é o que serve. Quem quiser ser o maior, deve ser servo de todos. (Mateus 20:26)

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2.10)

O Senhor nos criou para servir. Fomos gerados para olhar para o próximo, para enxergar as dificuldades e necessidades do outro.

Jesus é o maior exemplo de servo que já existiu e nos ensinou a aprender Dele (Mateus 11:29). Ele não apenas instruiu sobre serviço, mas agiu, dando sua vida em nosso lugar, sofrendo o que estava reservado a nós. Sendo Deus, esvaziou-se e assumiu forma de servo e se entregou por nós, quando ainda éramos egoístas, inimigos, pecadores. Essa é a maior demonstração de ação de graça que já existiu. Nós não seríamos capazes de fazer algo semelhante ainda que por alguém que julgássemos merecedor.

Portanto, não é à toa que nas nossas relações, seja como mães, esposas, amigas, filhas, somos constantemente confrontadas pela dificuldade de deixar o controle e de priorizar nossas vontades e interesses em detrimento dos de outras pessoas.

Jesus serviu pecadores, meretrizes, cobradores de impostos, doentes, famintos, tristes e enlutados. Quando os seus discípulos ainda alimentavam pensamentos soberbos, Ele pegou uma toalha e uma bacia e lavou seus pés (Jo 13.1-13).

Já imaginou essa cena? Jesus, o Rei dos reis, Senhor dos senhores, ajoelhado, com uma toalha amarrada à cintura, lavando os pés sujos dos seus discípulos, enquanto eles discutiam quem dentre eles era o maior? O Senhor lavou os pés até mesmo daquele que iria traí-lo.

Que desafiador é aplicar este ensino!

Olhando para nossas vidas em família, em comunidade, devemos perceber os outros e ajudá-los com seus fardos…

Mas como servir a um marido que não me serve como eu gostaria? Como ser graciosa com aquela professora que gritou com o meu filho? Como ajudar a minha vizinha que todo dia liga o som alto e me incomoda?

Somente olhando para Cristo conseguiremos servir, sem esperar reciprocidade de quem está sendo servido, como o Senhor fez por nós.

Exercitando o serviço, aos poucos, vamos tirando os olhos de nós mesmas e gerando em nosso íntimo humildade, abnegação e submissão.

Ocorre uma mudança em nosso espírito quando nos propomos conscientemente a valorizar o outro e fazer algo por ele longe dos olhos, dos holofotes e das obrigações.

Embora as demandas da vida possam continuar tão grandes, como de costume, viveremos com a sensação renovada de uma paz que não se afoba (Filipenses 4: 6-7). Nós testemunharemos de Cristo perante o mundo servindo, praticando ações de graça para com os outros, pois pelo amor é que somos reconhecidos.

Nós testemunharemos de Cristo perante o mundo servindo, praticando ações de graça para com os outros, pois pelo amor é que somos reconhecidos.

Dessa forma, passaremos a ter compaixão de quem antes tínhamos raiva e enxergaremos as pessoas que antes não havíamos percebido, pois teremos nos direcionando estará o Espírito Santo.

Pare ainda hoje e preste atenção às pessoas à sua volta: que serviços você pode realizar por elas, por amor a elas?

Considerando as pessoas que você ama, busque servir nas coisas mais simples, como lavando louça em sua casa, cozinhando o prato preferido de alguém, ajudando um colega de trabalho…

Depois, faça o exercício de servir alguém que você não ama ou não tem apreço especial, talvez um estranho, ou alguém de quem você não goste tanto assim. Persista no exercício do serviço, até sua carne ser vencida.

Seja sincera! No seu dia a dia Deus te oferece, diversas oportunidades de servir. Não as ignore.

É importante que você se lembre que o serviço é uma forma projetada por Deus para te fazer ficar mais parecido com ele.

 

Manu Castelo é esposa, mãe, professora e serva de Cristo.

Faz pós-graduação em Teologia Sistemática,

auxilia no ministério de mulheres e

na EBD infantil da Igreja Batista do Jaraguá em BH.

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