Antes de falar sobre o jejum, quero pensar junto com você sobre o significado da palavra propósito. De acordo com o dicionário online Oxford, propósito significa grande vontade de realizar ou de alcançar alguma coisa; alvo; desígnio. Pensando nesse significado, vamos refletir um pouco sobre qual ou quais são os propósitos em nosso coração quando fazemos jejum.
Recentemente, conversávamos em um grupo de mulheres sobre o jejum, e foram levantados diversos motivos para jejuarem: umas disseram jejuar para que Deus concedesse uma bênção, outras disseram que jejuavam para serem revestidas de poder e houve aquelas que disseram que, fazer jejum era para “queimar a carne”.
Refletindo sobre esses motivos, será que temos usado o jejum como uma moeda de troca com Deus? “Eu te entrego o jejum e o Senhor me dá um emprego” ou “Eu te entrego o jejum e o Senhor me dá poder”. Ao final desse jejum, quem estará recebendo algo? Ou, quem estará no centro deste jejum? Não seria a própria pessoa que o faz?
E quando eu penso que é para me sacrificar, “queimar minha carne”? Não estaria eu acreditando que tenho que fazer sacrifícios ao Senhor e isso me tornaria merecedora de algo? Talvez precisemos reajustar o foco.
Cristo já se fez sacrifício por mim e tudo o que vem dele é graça. “Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não de obras , para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8-9
Já vi algumas situações que foram, no mínimo estranhas. Pessoas fazendo um jejum espiritual, mas esperando emagrecer, ou seja, seu propósito ao final não era espiritual, mas literalmente carnal. Pessoas que entram na onda do jejum intermitente para, “de quebra”, aproveitar e fazer um jejum espiritual.
O REAL PROPÓSITO
Então, qual é o real propósito do jejum?
São muitas perguntas, eu sei, mas precisamos refletir sobre qual deve ser o real propósito, alvo, desígnio do jejum. John Piper, teólogo e pastor batista, tem uma frase maravilhosa que diz: “Jejum é saudades de Deus. É fome de Deus.”
Nosso alimento, o pão nosso de cada dia, é uma dádiva de Deus, Ele nos abençoa com uma diversidade de alimentos. Quando fazemos jejum, nós nos abstemos do bom para termos o Melhor, nos abstemos do pão da terra para termos o Pão do Céu.
Então essa “grande vontade de realizar ou alcançar algo”, o nosso alvo ou o nosso desígnio, deve ser o Senhor. Ele sempre deve estar no centro das nossas vidas e ser o nosso alvo. O jejum deve ter o objetivo de nos aproximar de Deus, de nos fazer mais parecidas com Jesus e, para que isso aconteça, o jejum sempre deve estar acompanhado de oração.
Sempre que vemos textos na Escritura se referindo ao jejum, ele está acompanhado de oração. Jejum sem oração é simplesmente passar fome. Jejum com oração é aproximação de Deus, é anseio por comunhão com o Pai.
Em Isaías 26:3-4 está escrito “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme, porque ele confia em ti. Confiem sempre no Senhor, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.” Perceba que quando mantemos nossa confiança no Senhor, Ele nos conserva em perfeita paz, nosso propósito deve estar firme no Senhor. Não devemos confiar no nosso próprio esforço de fazer um jejum. Nossa confiança deve estar sempre em Deus.
Uma coisa é certa: o jejum não deve ser usado como barganha com Deus. Não é para que Deus faça algo que nós desejamos. O jejum deve ser feito como adoração a Deus para nos aproximarmos Dele, como fazia a profetisa Ana que “adorava a Deus jejuando” Lc 2:37.
O jejum não serve para mudar a Deus, mas para mudar o cristão. O jejum nos ajuda a orarmos da forma correta com o propósito correto. O propósito do nosso coração deve ser sempre a glória de Deus. “Portanto, se vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” 1Coríntios 10:31.
Que o Senhor nos ajude a mantê-Lo no centro de todo e qualquer propósito do nosso coração.
Dani Dollinger é cristã, esposa, mãe, fonoaudióloga,
pós-graduanda em Teologia Sistemática e serve a Igreja Batista do Jaraguá em BH.