O ano de 2021 foi um desafio grande na vida da minha família. Meu marido e eu decidimos deixar a igreja que servíamos e responder ao chamado do Senhor para plantarmos uma nova igreja.
Parece até simples começar uma nova igreja, mas existe tanta coisa por trás dessa decisão. Além da sobrecarga de trabalho há uma sobrecarga emocional envolvida. Foi um tempo intenso entre a tomada de decisão e a saída, o que consumiu todo o ano de 2021.
Mas eu pensava estar bem, eu assumia cada vez mais responsabilidades, e cheguei a pensar que se eu não fizesse, ninguém faria no meu lugar… Resultado: eu estava esgotada, com tiques nervosos, minha cabeça agitada e milhares de pensamentos ao mesmo tempo. Até para a minha devocional ficou difícil porque eram tantas coisas na mente que a cada linha da Bíblia eu pensava em 10 demandas.
Além disso, nosso orçamento estava comprometido, final e início de ano tem um monte de contas e impostos, material escolar e uniformes. As aulas estavam prestes a começar e não passava pela minha cabeça tirar férias, inclusive já havia falado com as crianças que não iríamos viajar.
Foi quando no meio de janeiro comecei a sentir um aperto no peito, uma angústia que não passava, sabe aquela sensação de que algo ruim vai acontecer? Pois é, não era o sentido de uma super-heroína prevendo algo, mas era uma ansiedade tomando conta da humana de carne e osso que sou.
Foi quando percebi que não era uma máquina, que não era a mulher maravilha e sobretudo, que eu não era Deus.
Nós, mulheres temos uma mania grande de nos colocarmos como soberanas sobre tudo o que acontece ao nosso redor e até sobre as pessoas que amamos. Vamos adicionando tarefas em nossas agendas, não simplesmente para resolve-las, mas para termos o controle de tudo.
Se colocar no lugar de Deus é uma atitude pecaminosa, é o mesmo que não confiar em Deus. E quando não confiamos, não descansamos Nele e assim nos resta a sobrecarga, o cansaço, a ansiedade e a frustração.
Em Mateus 11:28 somos convidadas a ir ao Senhor em busca de descanso e alívio. Somos convidadas a confiar, a entregar, mas mais do que isso, somos convidadas a perceber o quanto somos dependentes Dele para que haja renovo em nossas vidas.
Deus é soberano, é perfeito, é onipotente, onisciente, poderoso, mas nós não somos… Somos criaturas limitadas que dependem totalmente do nosso criador para fazermos ou realizarmos algo. E quando nos esquecemos disso, nossas vidas viram uma bagunça.
Já nos 45 do segundo tempo, meu marido arrumou um jeitinho de tirarmos umas férias. Já era a primeira semana de fevereiro e as aulas estavam sendo retomadas e eu estava muito resistente, mas tivemos que tomar uma decisão, pois meu emocional já estava abalado.
Com meus tiques nervosos, palpitação no coração e pensamentos inundados pelas obrigações, eu cedi ao convite e fomos descansar. Logo no primeiro dia, eu decidi fazer uma oração: “Senhor, eu te entrego tudo o que passa no meu coração e confesso que preciso da Tua ajuda para descansar”.
Os dias foram passando e eu pude compreender o real sentido do Sabbath. O descanso do Senhor não se trata de um dia específico ou delimitado pelo tempo. O Sabbath é o dia em que o cansado encontra descanso, onde o sobrecarregado é aliviado, onde o fraco retoma as suas forças.
Entre momentos de refeições sem hora marcada, roupas desorganizadas nas malas, pia da cozinha pendente, pude experimentar momentos de oração em família, de risos verdadeiros, de amor e renovo.
Pude glorificar a Deus no nascer do sol e olhar para o oceano e louvar com o espírito descansado Nele. A confiança em Deus gera em nós um descanso verdadeiro, uma alegria permanente e um refrigério à alma.
Não é sobre tirar férias. É sobre aprender a descansar em Deus, é sobre obedecer o 4º mandamento e também sobre entender que eu preciso de renovo.
Não somos máquinas, somos criaturas, somos filhas amadas por um pai misericordioso, compassivo, amoroso e que quer o nosso bem! Graça a Deus por nossas limitações, graças a Deus por termos Seu colo para descansar.